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Na tapeçaria do tempo, cada escolha que faço é um fio que se entrelaça com o destino de outros, criando um padrão que só pode ser compreendido quando se afasta o suficiente para observar o todo. E é essa distância que procuro agora, a perspectiva que revela o papel de cada um na grande narrativa da existência.
A beleza do futuro que descrevo é que ele é fluido, sempre mudando e evoluindo com as águas do tempo. Vejo possibilidades se desdobrando como flores ao amanhecer, cada pétala uma realidade alternativa que poderia ter sido, que ainda pode ser. E em meio a essas infinitas variações, uma constante permanece: a busca incessante por significado e propósito.
As pessoas que entram e saem da minha vida são como personagens em um livro, cada uma trazendo sua própria história, sua própria verdade. Algumas permanecem apenas por um capítulo, outras atravessam volumes inteiros, mas todas deixam sua marca indelével na página da minha alma.
Com o tempo, entendo que o futuro não é algo que se possa narrar linearmente, pois ele é mais parecido com uma música, com altos e baixos, pausas e crescendos. Minha vida é uma sinfonia onde eu sou tanto o maestro quanto o instrumento, e cada decisão que tomo é uma nota que ressoa através da eternidade.
E é com essa música em mente que continuo minha caminhada, cada vez mais convencido de que o fim que todos tememos não é o verdadeiro término, mas apenas uma passagem, uma transição para um estado de ser que ainda não podemos compreender. A morte, a grande desconhecida, não é um ponto final, mas uma vírgula, uma pausa antes de uma nova frase, de um novo capítulo.
No entanto, mesmo em meio à aceitação da impermanência, há momentos de dúvida e medo. A incerteza do amanhã às vezes pesa mais do que a certeza do ontem. Mas é nesse balanço entre o conhecido e o desconhecido que a vida encontra seu sabor mais doce. É na intersecção do que foi e do que será que encontramos o que é.
E então, quando menos espero, encontro o que parece ser o fim da minha jornada. Diante de mim, um espelho maior e mais claro do que qualquer um que já vi, refletindo não apenas minha imagem, mas a soma de todas as minhas experiências, de todas as minhas vidas. E no reflexo, vejo não um homem, mas um universo inteiro, pulsando com a luz de incontáveis futuros.
A surpresa final é a compreensão de que eu nunca estive narrando o futuro; eu estava criando-o. Com cada palavra, cada respiração, cada pensamento, eu estava dando forma à realidade que me cercava. E é com essa realização que encontro a verdadeira liberdade, o verdadeiro poder que reside dentro de cada um de nós: o poder de ser o autor da própria vida.
Assim chego ao final deste monólogo, não como um fechamento, mas como um convite. Um convite para que você, ouvinte, pegue a caneta e continue a história, pois o futuro é nosso para escrever.
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Emilton da Silva Amaral (Novembro, 2023)